Carta aberta a Adriaanse.
Escrevo-te em português pedindo-te que peças a tradução ao Rui Barros ou um outro tradutor da tua confiança. Bem sei que o prazo a que te proponhas a aprender este idioma já lá vai, também já deves ter aprendido que por cá, normalmente, tudo demora mais algum tempo e prazos não são prazos. Eu mesmo não consegui perceber ainda as tuas tácticas e mudanças estáticas. E tenho-me esforçado.
Mas o que importa, e para isso te escrevo, é dar-te a conhecer um pouco do que se pensa por esta terra e neste clube.
Para os adeptos portistas futebol espectáculo é ganhar. Bem sei que amiúde o tens conseguido mas é pouco.
Outro pormenor importante é que o campeonato por aqui só acaba lá mais para o Verão. No final da primavera para ser mais preciso. Bem sei que as férias que deste aos jogadores no Natal lhes pode ter causado a impressão que tinha acabado, sendo verão em Copacabana. Mas não. Urge rectificar essa informação.
Dou-te também um conhecimento que me admira não te terem dado. As equipas por cá são especialistas em jogar em contra ataque. Se não o jogam sempre, é habitualmente uma rotina bem treinada por qualquer equipa portuguesa. Menos na nossa.
Gostava de concordar com o lirismo do teu futebol contra pondo o cinismo do sistema de contra ataque e de jogar na expectativa do erro do adversário. Tenho me esforçado, cheguei a sonhar confesso.
A propósito do que te escrevi neste ultimo paragrafo digo que o Paulo Assunção tem de jogar, um trinco, essa posição que até tua percebeste que existe e verificaste o resultado na estabilidade da equipa. Foi exactamente quando conquistamos seis pontos de avanço e umas quantas boas exibições, pragmáticas acrescento eu.
E já que falei em nomes digo-te: o Baia, o Pedro Emanuel, o Paulo Assunção, o Lucho, o Quaresma e o Lisandro tem de jogar. A estes acrescento: o Pepe, o Cech e um lateral direito, e aqui está um das competências que te deixo, escolher um destes três nomes: Bosingwa, Ricardo Costa ou Sonkaya (pode ser a sorte). Ora restam dois para teres a equipa base. E deixo-te uma dica, um avançado que marque golos e mais alguém no meio campo e para que não penses que te deixo o mais difícil ainda te posso aconselhar entre o Diego e o Ibson ou até o Jorginho, e que o atacante centro não pode ser nem o Jorginho nem o Lisandro. O Bruno Alves também não.
Como vês ainda tens muita funções a desempenhar. A disciplina da equipa é admirável. Alguns jogadores estão melhores depois de te terem conhecido. Estão por lá outros aguardando a tua igual atenção.
Ora como vês ainda tens muito onde te ocupar, o treino, as folgas e dias santos que tens de planear, a escolha do lateral direito.
Em resumo deixa lá as invenções de iluminado, porque o ultimo Messias que por cá passou ainda está bem fresco na nossa memória e mesmo crentes que somos não acreditamos em milagres todos os dias. Portanto vamos atalhar caminho que isto já está tudo inventado.
Cordialmente
2 Comments:
o melhor é traduzires tú a carta para holandês, porque ao que parece os adjuntos do co também não devem perceber nada do que ele diz em inglês.
Se está tudo inventado, qualquer um de nós poderia ser treinador de futebol. Qualquer um de nós poderia ser um Mourinho ou um Crujf.
Este treinador é da escola holandesa, a mesma que por diversas vezes pôs o Barcelona a jogar o futebol mais espectacular da Europa. Sucede que não aconteceu no 1º ano nem o FCP tem dinheiro para comprar os jogadores do Barcelona.
Eu acho que vale a pena esperar para ver, outros acham que não e desesperam antes do tempo.
É óbvio que ele só arrisca jogar assim porque o adversário era fraco, mas que este é o sistema adequado para equipas que vêm pôr o autocarro à frente da baliza, lá isso é.
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